terça-feira, junho 15

Palavras soltas

Uso as palavras .. troco-as.. brinco com elas.. Para que tudo fique longe de se entender...
Baixo a cabeça.. tantas e tantas vezes.. Para que não possam ver no meu olhar tudo aquilo que escondo nas palavras...
Sorrio.. mesmo quando a vontade me falta.. Para poder dar aos outros a força que necessitam para continuar...

Uso as palavras...

Uso-as.. a cada momento.. Em tudo o que faço.. Porque tantas vezes não as sei dizer.
E sei que aí, nessas alturas.. Tu estarás presente.
Para ler.. e perceber o que mais ninguém consegue entender...
Para me levantar a cabeça.. Olhar-me nos olhos.. Dar-me um abraço.. Pegar-me na mão e caminhar comigo. Seguindo ao meu lado. Sempre.
Para seres tu a dar-me o teu sorriso.. por saberes que o meu é frágil..
Para me dares a força que necessito para continuar.

Sim. Sei que vais estar.
Se não sempre, o tempo necessário para eu aprender e crescer.
O tempo necessário para que tudo em nós se torne mágico.
O tempo necessário para que tudo se torne inesquecível.
Se não sempre...
O tempo necessário para que eu encontre as minhas asas...
E aprenda a voar!




Voei.

sábado, junho 12

Outono [perd]ido

Por onde ando?
Por onde ando eu a caminhar?
Sinto-me perdida, exausta.
Eu não sei [guar]dar as coisas importantes...
Estou sempre a perder-me!
Perderei também os outros?
Começo a sentir que sim...
Um mundo enorme...
Sozinha?
Penso muitas vezes como seria a minha vida se não tivesse dado tantas voltas...
Seria feliz, ali, onde a água do mar é quente e sabe bem? Onde as crianças podem ser crianças e os adultos simplesmente adultos? Onde nestes dias já se viam as casas decoradas... E os meninos andavam já ansiosos...
Teria sido feliz?
Quero acreditar que sim...
É que, sabes?
Não o sou.
Não hoje. Não agora, Não há muito tempo.
Procuro dentro e fora de mim...
Sinto-me inútil.
Não encontro nada de novo.
O meu coração de retalhos está vazio...
As folhas espalhadas pelo chão... Outono!
Os meus sonhos também são outono...
Espalhados. Caídos.
Eu já não sei onde. Não os encontro.

Hoje eu não tenho coração. Deixei-o em casa.
Guardado. Na gaveta. Dentro do armário.
Esquecido?
Talvez. Talvez esqueça demasiadas coisas...
Eu não encontro caminhos. Já não sei caminhar...
Apenas encontro curvas, cruzamentos e becos sem saída.
[Perd]ida. [De] [par]tida.




Serei eu, ainda, a criança que tem o sorriso no olhar?