segunda-feira, janeiro 21

...



- Estou preocupada

- Não estejas
- O que se passa pequenina?
- Não me chames isso!
- Desculpa!
- Não se passa nada ...
- Porque é que não consigo acreditar nisso?
- O que queres que te diga?
- A verdade. Dizes sempre que não se passa nada.
- Preciso de tempo para mim.

"É só isso?" apeteceu-me perguntar-lhe. Mas não o faço. Tenho sempre medo da forma como ela reage a tudo o que digo. Perguntar-lhe se quer falar é levar um "Não" garantido.

- Queres falar?
- Não.

Claro! Ela nunca quer falar. Guarda tudo. Esconde-se demais... Fecha-se demais. As coisas são dela e com ela vão ficar. É sempre assim.

- Porque não queres que te chame pequena?
- Não gosto, magoa-me.
- Desculpa... não queria...
- Eu sei.


Magoa-me vê-la, senti-la assim. Queria abraça-la. Mas ela está longe...
Longe de tudo.
Tudo o que é importante para ela.

"Às vezes não te percebo." apeteceu-me dizer. Mas, mais uma vez, não o faço. Não percebo porque tenta procurar protecção e depois afasta os outros. Não percebo porque quer tanto ajudar e depois não se deixa/permite ser ajudada.

Há tanta coisa que não percebo ainda...
Dela.
Do mundo.
De mim. De tudo.


.

1 comentário:

Pirilampo disse...

sou tão imperfeita..

gstava que me compreendessem, e ignoram o meu sorriso na tentativa de pedir socorro..
não sei onde perdi os meus sapatos, onde me descalsei da minha alegria, preciso.a.

...

consegues ler as minhas reticências?

...

tenta escuta-las, e lá encontraras os gritos daquelas noites de criança onde tu numa casa, rua...lugar qualquer... eu noutra-o, fomos magoadas...

entendes?
é este o mundo que escondo...

o da menina dos caracois, com medo de ser outra vez esmagada!

perdoa a minha ausencia..
preciso tanto d chorar..
de um abraço*