quinta-feira, março 26
[O] velho ,
Quando o velho do banco do jardim se levantou, o seu caminhar era lento. Cada passo era contado e medido... sentido profundamente..
Era como se o chão fosse feito de pequenas agulhas que o fazem perder a pouca vontade que ainda tem de caminhar.
Cada passo parecia uma oração... um pedido para fazer só mais uma caminhada... aquela caminhada... Uma luta para chegar ao destino... (a uma casa vazia?)
Aquele velho, já travou muitas lutas e já lutou por muitos... e agora? está pra'li esquecido...
Quem procurará por ele?
Quem o encontrará?
Quem conseguirá olhar no fundo dos seus olhos e encontrar a solidão, o desespero? Quem compreenderá quando ele quiser (e tentar!) deixar de existir? Quem entenderá quando, em desespero, pedir desculpas pelos erros, falhas e esquecimentos já constantes? Quem sorrirá quando ele, com lágrimas nos olhos, agradecer simplesmente a presença?
Quem?
Quem será capaz?
E, depois de tudo, quem o amará?
quinta-feira, março 12
A chuva dos dias .
- “O que tens? O que se passa?”
- “Nada”
- “Então porque estás assim?”
Sinto o mundo a ruir, sabes? É como se, à tua frente, apenas visses um buraco, cada vez mais próximo... cada vez mais fundo.
Será que não entendes?
Dizem que a chuva que mais incomoda é a que acontece dentro de nós. Aquela que inunda o nosso ser e fustiga as nossas janelas... A chuva que apodrece e faz ruir as nossas muralhas...
E depois disto, o que resta?
Depois da chuva, virá sempre o sol? Depois de tudo, todos voltam? Ou ficarão sempre escondidos nas tocas onde se refugiaram para nada ter de dizer... para nada ter de fazer? Depois de todas as pedras juntas, quem sobe a escada? Depois da batalha ganha, quem receberá as flores e as palmas?
Revolto-me.
Revolto-me mas nada posso fazer. Revolto-me mas não posso gritar. Revolto-me mas não posso fugir...
E questiono-me. Mas de que adianta questionar? Procurar sentido para o mundo e as batalhas que nos atormentam...?
Nada.
Porque o tudo é nada e o nada é tudo.
E eu sou nada.
Hoje sou nada.
E neste nada que sou, sei que tenho tudo dentro de mim.
- “Nada”
- “Então porque estás assim?”
Sinto o mundo a ruir, sabes? É como se, à tua frente, apenas visses um buraco, cada vez mais próximo... cada vez mais fundo.
Será que não entendes?
Dizem que a chuva que mais incomoda é a que acontece dentro de nós. Aquela que inunda o nosso ser e fustiga as nossas janelas... A chuva que apodrece e faz ruir as nossas muralhas...
E depois disto, o que resta?
Depois da chuva, virá sempre o sol? Depois de tudo, todos voltam? Ou ficarão sempre escondidos nas tocas onde se refugiaram para nada ter de dizer... para nada ter de fazer? Depois de todas as pedras juntas, quem sobe a escada? Depois da batalha ganha, quem receberá as flores e as palmas?
Revolto-me.
Revolto-me mas nada posso fazer. Revolto-me mas não posso gritar. Revolto-me mas não posso fugir...
E questiono-me. Mas de que adianta questionar? Procurar sentido para o mundo e as batalhas que nos atormentam...?
Nada.
Porque o tudo é nada e o nada é tudo.
E eu sou nada.
Hoje sou nada.
E neste nada que sou, sei que tenho tudo dentro de mim.
[09-03-09]
quarta-feira, março 4
[Colo]rir [d]os dias.
Os dias são como uma página em branco em que ninguém escreve. Uns porque não sabem, outros porque a vida os ensinou a ter medo das palavras e outros ainda porque simplesmente não querem.
Por vezes, (há) um menino (que) encontra um lápis no chão e escreve um passeio no jardim, um abraço, um dia de sol e calor. E isto torna-se o esboço de um desenho onde depois, com um marcador tirado do ar, irá colorir sorrisos. Depois, irá lembrar-se que já é tarde e que terá que ir para casa... E vai.
Por vezes, (há) um adulto (que) pega na caneta que traz sempre no bolso e começa a escurecer o céu e faz surgir as tempestades... estraga os jardins e rouba os abraços, deixando lá ficar a (sua) insegurança... substituindo os sorrisos por lágrimas...
Por vezes, (há) um velho sentado num banco de jardim (que) encontra uma borracha no seu coração e apaga tudo. Encontra o carinho e a ternura que vagueiam, perdidas, em cada olhar que dirige aos outros e, com isso, planta fores no jardim. Desperta a compreensão naqueles que o olham e torna o céu no mais belo dos quadros. Porém, esta compreensão apenas é possível porque quem o olha pensa que está sozinho e traz consigo a solidão... mas, na realidade, iludem-se! O velho possuía um grande coração e isso tornou-o na pessoa mais feliz que alguém conhecera... somente porque trazia em si todos os sonhos do mundo.
E por isso, apenas por isso, fora capaz de pintar o mundo com as mãos de uma criança.
Por vezes, (há) um menino (que) encontra um lápis no chão e escreve um passeio no jardim, um abraço, um dia de sol e calor. E isto torna-se o esboço de um desenho onde depois, com um marcador tirado do ar, irá colorir sorrisos. Depois, irá lembrar-se que já é tarde e que terá que ir para casa... E vai.
Por vezes, (há) um adulto (que) pega na caneta que traz sempre no bolso e começa a escurecer o céu e faz surgir as tempestades... estraga os jardins e rouba os abraços, deixando lá ficar a (sua) insegurança... substituindo os sorrisos por lágrimas...
Por vezes, (há) um velho sentado num banco de jardim (que) encontra uma borracha no seu coração e apaga tudo. Encontra o carinho e a ternura que vagueiam, perdidas, em cada olhar que dirige aos outros e, com isso, planta fores no jardim. Desperta a compreensão naqueles que o olham e torna o céu no mais belo dos quadros. Porém, esta compreensão apenas é possível porque quem o olha pensa que está sozinho e traz consigo a solidão... mas, na realidade, iludem-se! O velho possuía um grande coração e isso tornou-o na pessoa mais feliz que alguém conhecera... somente porque trazia em si todos os sonhos do mundo.
E por isso, apenas por isso, fora capaz de pintar o mundo com as mãos de uma criança.
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