quinta-feira, março 12

A chuva dos dias .

- “O que tens? O que se passa?”
- “Nada”
- “Então porque estás assim?”


Sinto o mundo a ruir, sabes? É como se, à tua frente, apenas visses um buraco, cada vez mais próximo... cada vez mais fundo.
Será que não entendes?
Dizem que a chuva que mais incomoda é a que acontece dentro de nós. Aquela que inunda o nosso ser e fustiga as nossas janelas... A chuva que apodrece e faz ruir as nossas muralhas...
E depois disto, o que resta?
Depois da chuva, virá sempre o sol? Depois de tudo, todos voltam? Ou ficarão sempre escondidos nas tocas onde se refugiaram para nada ter de dizer... para nada ter de fazer? Depois de todas as pedras juntas, quem sobe a escada? Depois da batalha ganha, quem receberá as flores e as palmas?
Revolto-me.
Revolto-me mas nada posso fazer. Revolto-me mas não posso gritar. Revolto-me mas não posso fugir...
E questiono-me. Mas de que adianta questionar? Procurar sentido para o mundo e as batalhas que nos atormentam...?
Nada.
Porque o tudo é nada e o nada é tudo.
E eu sou nada.
Hoje sou nada.
E neste nada que sou, sei que tenho tudo dentro de mim.


[09-03-09]

1 comentário:

Anónimo disse...

Adoreiii'

Achei este um tanto peculiar. Diferente do teu normal, penso eu, mas bonito bonito e bonito!

Gostei mesmo meu doce' *