sábado, março 6

Até amanhã.

Fechei-te n[um]a gaveta. Arrumei-te. Disse-te até amanhã e dei volta à chave.
Tu não tinhas forças para o fazer. Ou não querias.
Agradava-te o facto de eu ter a gaveta aberta para que pudesses sair quando quisesses, mesmo que eu não o quisesse. Então fechei-te.
Não soubeste merecer essa vida que te dei, essa abertura da minha gaveta. E, numa das vezes em que saíste [a última, eu sei], quase deitavas a gaveta ao chão e a fazias em cacos, tal era a tua força.
Por isso tive que te fechar.
Desculpa.
Há dias em que é melhor assim. Fechar-te. Dar a volta à chave e dizer 'até amanhã'.


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