domingo, maio 30

Amanhã.

Hoje entendo o que falhou em nós.
É que, quando foste embora, esqueceste-te de fazer as malas. Deixaste a casa desarrumada. E são - foram! tenho que aprender a conjugar-te no passado, de vez - as tuas coisas que andaram por aí espalhadas em mim. Só que tu soubeste fazer as coisas. Não fizeste as malas mas levaste a pá e a vassoura. Mas o que se passa afinal? Não querias que eu te soubesse limpar?
Fizeste as coisas de tal forma que eu não conseguia sequer distinguir o que era meu, daquilo que era teu, daquilo que deixaste em mim. O que era eu, e o que eras tu[?].
Acho que tinha os sentidos congelados. Ou terão sido os sentimentos?
Mas agora veio o calor e não há gelo que resista. Nem bela adormecida que durma para sempre. 
Amanhã vou fazer a mala que não levaste. Mas amanhã. Só amanhã.
Hoje estou cansada.
Amanhã faço as tuas malas, deito o lixo fora, arrumo e limpo[-me]. [Re]decoro[-me] tudo se for preciso. Amanhã ponho-te fora [de mim] e mudo as fechaduras. Aprendo a viver sem ti.
Mas amanhã. Só amanhã.
Amanhã, talvez.



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