terça-feira, agosto 24

[In]certezas

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"I don't know why..."

Não, não sei. De facto não sei.
Tu sabes?
É que eu não sei. Não sei e ainda estou para descobrir quem saiba.
Não sei e temo não vir a descobrir.
Ou talvez descubra.
Quando deixes de ser uma miragem, talvez consiga descobrir. Talvez as nossas mãos ainda encaixem numa perfeita sinfonia, tal como o acorde final encaixa numa melodia desafinada.
Talvez seja mesmo tudo uma questão de encaixe.
Ou talvez não
.
Não, não sei.
Não sei se quero ou se vou querer. Só sei que quis.
Tu sabes?
É que eu ainda não sei.
Não sei tantas coisas!
Talvez nós sejamos como o sol e a lua, amantes distantes.

Mas não, eu não sei.
Tu sabes?
Talvez saibas muitas coisas.
E, talvez, não saibas o mais importante.
Não me sabes a mim!




Tu sabes?
Sabes o porquê de nós?
É que eu não sei!

domingo, agosto 8

[Eu sei que estarás!]

[ #1 LETTER  #4 LETTER  #24 LETTER #28 LETTER  #29 LETTER ]

 
"Segue o teu destino... Rega as tuas plantas; ama as tuas rosas. O resto é a sombra de árvores alheias" [Fernando Pessoa]

- porque não cravos?
- porque as rosas têm espinhos. Se fosses cravos, era demasiado perfeito, acho.
- ahhh! bem visto!


É que as cosias são realmente assim. A vida é assim. Tem espinhos. E se nos descuidamos, picamo-nos. E isso dói.
Mas sabes o que consola? Saber que, por vezes, no meio das rosas, aparece um cravo.
E são esses pequenos cravos brancos que nos dão alento, coragem e força.
Sabes, meu pequeno cravo, há muitas pessoas que eu pensava que me fariam uma falta tremenda. De quem eu temia ficar longe e sentir uma saudade incurável. Que sempre pensei que me fariam ansiar pelo regresso.
Contudo, de todas essas pessoas, contam-se pelos dedos das mãos as que verdadeiramente me arrebatam o coração de saudade! E tu és uma delas.
É que, os nossos momentos, meu bem, são tão simples e espontâneos que quase tocam a magia.
As nossas conversas ao som do pôr-do-sol no chão sempre quente... os cafés... o beirão e a amêndoa amarga... Os encontros e os acasos... os abraços sempre leves, fortes, seguros! A segurança de um caminho feito a dois... a certeza de te ter ali, de mão estendida, de braços abertos, de ombro disponível... vestida com sorrisos rasgados ou, ocasionalmente, com a minha mágoa. Sempre pronta [ainda que apenas] para uns rápidos cinco minutos.
Cinco minutos é mais do que o tempo que a maioria das minhas outras pessoas por vezes dispõem. Mas tu consegues sempre. Há sempre tempo. E quando não há, atrasasse o relógio e roubam-se-lhe uns segundos a nosso favor. A favor do MundO*
Porque tu nunca me deixaste ficar mal. Por mais que aches que nada fazes e nada és, tu és muito. O teu abraço e o teu sorriso por vezes é tudo o que preciso para acalmar as tempestades e atenuar o rebentar das ondas.
É bom ter alguém que nos ouça, que nos procure, que se lembre de nós. É bom sabermos que, haja o que houver, teremos alguém ali, ao nosso lado. Sempre.
É bom sabermos que há alguém a quem basta dizermos "preciso de ti" e no instante seguinte, uma cidade foi atravessada e já não estamos sozinhos!
Alguma vez pensaste porque te chamo Mundo? E o que quer isso dizer?

(...)

Mesmo quando todos parecem querer magoar-me, tu estás lá, de ombro disponível.
Quando irradio felicidade, tu apareces, de sorriso rasgado, por mim.
Sinto a tua dor como se fosse minha e, por vezes, sinto que compreendes a minha melhor que ninguém! [Por vezes até que eu mesma...]
Por vezes, faltam-te as palavras... então pensas que em nada ajudas. Mas, sabes? Só o teu abraço, o nosso pôr-do-sol e o nosso silêncio é suficiente!
Já chorei por te ver chorar... Já fiz figuras tristes só para te ver sorrir.
Senti um nó no peito de cada vez que o teu olhar ficou turvo, distante, apagado... vazio. Já rezei por ti. Fiz por ti o que fiz, faço e faria por qualquer outro amigo. Porém, poucos fizeram e fazem por mim o que tu fazes. Ou melhor, poucos são o que tu és.
E tu és MundO*!


[Eu sei que estarás!]


[06/07-08-2010]

domingo, agosto 1

Val[idades]

[ #7 LETTER     #15 LETTER      #20 LETTER     #28 LETTER ]
 

Nos últimos anos tenho vindo a aperceber-me da matéria que verdadeiramente o mundo é feito. Tudo tem prazo de validade. Até as pessoas.
É assustador pensar assim, mas é verdade.
Temos (ou somos?) a validade de umas férias de verão.. de alguns dias de aventuras.. de um ano de aulas.. Temos a val[idade] que nos dão. Depois, reduzem-nos a lixo. A va[l]idade acaba e já não prestamos mais. Somos deixados de lado.. atirados para um canto qualquer à espera que alguém venha e resgate a nossa val[idade]. Que vá a uma loja e nos compre (às vezes, infelizmente, apenas porque somos mesmo o produto mais barato..) e nos guarde.. até que a [val]idade expire [e nos deixemos de respirar!]...
Vamos à loja e pedimos o produto mais barato e com o menor prazo de validade possível.. para que se estrague depressa e não dê muito trabalho. É que assim dói menos. Se o prazo for muito longo, criam-se laços.. e, as fitas de seda, quando desatadas, rasgam a alma. Destroem-nos. Deixam-nos em cacos. Em pior estado que uma boneca de porcelana quando parte, mesmo que tenha sido atirada de um 30º andar com toda a violência e caia, cá em baixo, com uma brutalidade tal que não sobre mais nada para além de pó. Sim, é pior ainda. De nós, nem o pó resta para contar a história.
É curioso este mundo onde se consomem drogas [drogas não menina, é um nome feio! Isto são apenas estimulantes, sabe como é.. dizem uns] .. se ingere álcool como se fosse água [para não desidratar, dizem outros] .. e tudo é normal, aceitável e compreensível. Mas falamos em pessoas.. e tudo ganha um prazo de validade.
Penso que, a primeira pergunta que devemos então fazer alguém quando a conhecemos, não é o seu nome, a sua idade nem os seus sonhos. É sim, qual é o seu prazo de validade. É que, se for pouquinho, ao menos sabemos que não nos podemos armar em principezinhos e sonhar com raposas e rosas.
Andamos, constantemente, a ajustar os nossos prazos de validade aos das outras pessoas.. e, por vezes, a fazê-las ajustar-se aos nossos. "É a vida, menina. É a vida!" .. Oh, se é! Mas sabes, eu sempre soube que tinhas um prazo de validade. Sempre soube quando ia acabar. E digo-te mais.. "um dia pode saber a uma vida, se for vivido como nós o vivemos!"







 Não podíamos, simplesmente, ter validade vitalícia? 
Não poderias, tu, conceder-ma?

Letters to..

Vi este género de desafio aqui.. e achei que seria uma boa oportunidade para recomeçar a escrever. Irei tentar fazê-las todas. Não pela ordem e possivelmente alternando com outros textos... Aqui fica a lista de todas as cartas propostas. [Algumas serão, até, (possivelmente) agrupadas].


#1 LETTER TO YOUR BEST FRIEND

#2 LETTER TO YOUR CRUSH
#3 LETTER TO YOUR PARENTS
#4 LETTER TO YOUR SIBLING (OR CLOSEST RELATIVE)
#5 LETTER TO YOUR DREAMS
#6 LETTER TO A STRANGER
#7 LETTER TO YOUR EX-BOYFRIEND/GIRLFRIEND/LOVE/CRUSH
#8 LETTER TO YOUR FAVOURITE INTERNET FRIEND
#9 LETTER TO SOMEONE YOU WOULD LIKE TO KNOW
#10 LETTER TO SOMEONE YOU DON'T TALK AS MUCH AS YOU'DE LIKE TO
#11 LETTER TO A DECEASED PERSON YOU WISH YOU COULD TALK TO
#12 LETTER TO THE PERSON YOU HATE MOST/CAUSED YOU A LOT OF PAIN
#13 LETTER TO SOMEONE WHO YOU WHIS TO BE ABLE TO FORGIVE YOU
#14 LETTER TO SOMEONE YOU'VE DRIFTED AWAY FROM
#15 LETTER TO THE PERSON YOU MISS THE MOST
#16 LETTER TO SOMEONE THAT'S NOT IN YOUR CITY OR COUNTRY
#17 LETTER TO SOMEONE FROM YOUR CHILDHOOD
#18 LETTER TO THE PERSON YOU WISH YOU COLD BE
#19 LETTER TO SOMEONE WHO PESTERS YOUR MIND - GOOD OR BAD
#20 LETTER TO THE ONE THAT BROKE YOUR HEART THE HARDEST
#21 LETTER TO SOMEONE YOU JUDGE BY THEY FIRST IMPRESSION
#22 LETTER TO SOMEONE YOU WANT TO GIVE A SECOND CHANGE TO
#23 LETTER TO THE LAST PERSON YOU KISSED
#24 LETTER TO THE PERSON THAT GAVE YOUR FAVOURITE MEMORY
#25 LETTER TO THE PERSON YOU KNOW THAT IS GOING THROUGH THE WORST OF TIMES
#26 LETTER TO THE LAST PERSON YOU MADE A PINK PROMISE TO
#27 LETTER TO THE FRIEDIEST PERSON YOU KNEW FOR ONLY ONE DAY
#28 LETTER TO SOMEONE THAT CHANGED YOUR LIFE
#29 LETTER TO THE PERSON THAT YOU WANT TO TELL EVERYTHING TO, BUT YOU ARE TOO AFRAID TO
#30 LETTER TO YOUR REFLECTION IN THE MIRROR