quarta-feira, maio 13

[d]ias [de chuva]


.


Apetece-me chorar. Quero chorar.



... mas não consigo. Não sou capaz. [Não] mais...


É que esta tua ausência fere-me e todos os dias são dias de chuva.
A distância diz-me que já não há nada que possa chamar 'nosso'.
Não há u[m] 'eu' sequer.
E todos os dias são dias de chuva...


Apetece-me escrever. Quero [escre]ver.



... mas [não con]sigo. [Não] sou capaz.


É que tu roubaste-me as palavras. Levaste-as na mala.

Nessa bagagem que não levaste.

Deixaste-a ficar no comboio quando decidiste que não era [aqu]ela a direcção que [quer]ias seguir.

Simplesmente mudaste.

De [des]tino. De ti?
E agora todos os dias são dias de chuva...

Apetece-me gritar. Quero [grit]ar.



... mas não con[t]*[s]igo.


É que a minha voz afinal era a tua.

O meu rosto era o teu.

Tudo em mim eras tu.

Mas tu foste.. E eu fiquei sem nada.

Sendo nada.

E nem um sorriso me deixaste.

Apenas me disseste que todos os dias seriam dias de chuva...


Apetece-me fugir. Quero [fug]ir.



...







... posso?

3 comentários:

Rui Lourenço disse...

Boas palavras.
Brilhante!

Catarina. disse...

[Os elogios mais belos são aqueles que te digo com o olhar!]

*

qel disse...

podes, sempre que quiseres.
gostei dos jogos de palavras.