Já há muito que não faço um rascunho daquilo que escrevo. Como sempre fiz.
Talvez porque já não faça também um rascunho da minha vida. Já não planeie. Já não pense tanto nos pormenores de 'como vai ser' o amanhã.
Talvez porque a ponderação excessiva voou com o balão que larguei ao ar.
Ou talvez porque tu me ensinaste a ser assim. A deixar o mundo girar. A viver um dia de cada vez.
Porém, tu também foste.
Sempre pensei que não terias coragem suficiente para largar o nosso balão, que teria que ser eu a fazê-lo, um dia. Só que tu surpreendeste-me [como fizeste o tempo todo] e largaste-o primeiro que eu.
Soube que isso era o fim.
O fim de uma história que nem sequer começou.
Soube que era o fim quando, ao fechar a porta, os nossos olhares se cruzaram e se demoraram um no outro. Como se quiséssemos guardar aquele momento para um dia colar no nosso álbum de memórias. Perdurando-o no tempo. Temendo pelo que viria a seguir. Assim ficamos, de coração nas mãos, a olhar-nos. Não fomos capazes de dizer adeus. Ainda hoje não o somos.
- "I miss everything that did not live with you"
- "O que não viveste comigo aproveita e vive agora"
Soube que isto era o fim.
Contudo, ao ver uma estrela cruzar o céu, foi por ti que velei. Foi a tua presença que desejei. Foi a ti que desejei que seguisse e protegesse.
Foi por ti.
- "There's the man that I chose.. There's my territory.."
- "Never happy, not satisfied. Always complains for nothing. Hopes an dreams are fading away.."
Sim. Eu não sei porquê.
Não sei mesmo.
Sei apenas que o caos que criaste na minha vida foi demasiado intenso para se largar no meio da rua, como quem deita fora um guarda-chuva partido num dia de tempestade. Durou demasiado tempo para que possa dizer que se esquece passado um par de dias. Ou talvez não tenha durado assim tanto. Tu é que perduras-te.
Sabes.. é que não sei bem do que sinto falta em ti. Só sei que sinto.
Mas terei saudades de ti... ou da inocência que eu tinha quando te conheci?
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